terça-feira, 30 de julho de 2013

ARROZ DE FESTA



É bom ter amigos – é o que se diz. Com um ou dois já se pode fazer uma festa. Com um fazemos uma festa íntima ou fofocas sobre a vida alheia. Com dois ou três já se pode se divertir com jogos que nunca saem de moda. Com dez, vinte ou trinta se faz uma festa de arromba se a amizade é sincera.

Amigos falsos é coisa que não existe, diz a lógica. Se é falso, não é amigo.

Pior ainda é se falar em parentes. Estes sim podem ou não ser amigos. Se não o são, dificilmente podemos acreditar em seus votos de felicidade que eles nos prestam.

Com quantos parentes se pode fazer uma festa? Com muito poucos, pois a maioria não é amigo, é apenas parente. Muito menos do que verdadeiros ou postiços dentes.

segunda-feira, 29 de julho de 2013

A PISCINA DE BOLAS



Definitivamente, só depois que as oportunidades passam é que nos damos conta do quão mais poderíamos ter aproveitado uma oportunidade.
A menina-mulher (ou seria mulher-menina?)... nada disso, mas sim a adulta com o coração de criança tem a oportunidade de entrar numa piscina de bolas pela primeira vez em sua vida. São quarenta anos que ela faz, não quatro. Quando ela teria novamente esta oportunidade? Ela, nem você, sabem. Ela, em meio à sessão de fotos de seu aniversário, é requisitada a sentar no alvo. No alvo não, ela diz. Ela tem medo. Tem medo de cair e se machucar. Do alto de sua pequena estatura, ela teme a queda e desiste.
Ela prefere entrar por baixo. Direto na piscina. Hum... como aquilo é bom ela se dá conta. Dá vontade de ficar ali pra sempre, mas a adrenalina não a deixa aproveitar e mergulhar na piscina e ela logo volta pra festa, em lugar de fazer ela mesma a festa, sozinha com ela mesma naquela piscina.

domingo, 28 de julho de 2013

SALDO DO ANIVERSÁRIO



Presentes:

1% de livros
2% de acessórios
3% de roupas pra dormir
4% de perfumes e cosméticos
5% de vestimentas
e...
85% de SABONETES?!

Lindos, cheirosos, de variados formatos. Como eu gostei daquilo. Dias de banho com sabonetes de marca. Que coisa gostosa. Uma economia que não imaginava fazer. 

Havia um colorido, como um mosaico. Outro tinha formato de pirâmide. Já um deles a moral não me permite relatar o formato.

Não que não tenha gostado dos outros presentes. Até os que nada têm a ver comigo, de alguma forma têm sim. Marcam uma data, um marco. Marco divisor? Talvez nem tanto. A gente vive imaginando que datas servem pra alguma coisa. Servem sim: pra nos mostrar o quanto ainda precisamos mudar pra melhor e tratar bem ao próximo. Ter respeito e consideração num mundo de passeatas e cortesia ao papa.

O sabonete lava o corpo e a autocrítica lava a alma.

sábado, 27 de julho de 2013

UNHAS



- Fez as unhas?
- Não, elas já existem.
- Que grosseria
- Apenas respondi objetivamente
- Nem sempre se pode ser objetivo
- Ser objetivo acaba sendo como uma flecha certeira no coração de pessoas sensíveis.
- Você não é sensível, é fresco
- Frescura pode ser ser sensível
- Não, é uma forma de se esconder da dureza da vida.
- Prefiro ser sensível, consigo ver melhor pelas entrelinhas, onde diamantes estão esperando por nascer;

HOSPITAL



- Você está sumida!
- Não estou – diz a atriz – é que meu palco agora é lá no hospital.
- Como assim?
- Meu primo muito querido está internado e tenho ido visita-lo dia sim, dia não.
- O que ele tem?
- Ele tem duas pernas, dois braços, um tronco perfeito e uma cabeça maravilhosa.
- Então o que você vai fazer lá?
- Visitar os outros doentes.
- Por que, se teu primo não tem nada?
- Ele tem sim! Já disse o que ele tem. O problema é o que lhe falta.
- O que é então?
- Fé nele mesmo. Essa falta tem minado seu ser interior e cada hora aparece uma dorzinha em uma parte do seu corpo.
- E os outros pacientes?
- Eles têm falta de saúde de todos os tipos e, ao visitá-los, percebo que ao me apresentar para eles, recebo muito mais do que recebo quando estou no palco lá no teatro. Descubro que meus males são tão pequenos que chego a ter  vegonha de reclamar da vida assim como meu primo faz.
- Acho que vou me candidatar para ir no hospital nos seus dias não.

domingo, 21 de julho de 2013

SÉCULO PASSADO



Somos do século passado.
Quem não é deste século?
Pessoas acima dos 13 anos acham que não são.
São verbo ou são adjetivo mostram que todos somos do século passado e do século atual.
Somos visando sempre ao futuro.
Somos do século passado, do atual e do futuro.
Deixamos nossas sementes caídas e plantadas pelo chão assim como fizeram os que vieram antes de nós, sem os quais não estaríamos aqui.
Seja com a beleza da gestação, o irradiar genético se desdobrando em nossos herdeiros; seja com nossos atos e gestos. Afinal cada tem suas sementes pra plantar, biológicas ou não. Devemos plantar as boas e tentar transformar as ruins.