domingo, 13 de fevereiro de 2011
A CRIANÇA
A criança
vê no doce a esperança.
Mas não percebe aquilo que vê.
Apenas e simplesmente sente
a doçura e a candura dos primeiros tempos.
Dos tempos de poucos e simples lamentos,
que ainda assim parecem enormes,
gigantescos e muitas vezes grotescos.
Vê o doce, o pirulito e a bola de ar.
Vê tudo colorido
farto e bonito.
Vê isso tudo mesmo?
Qual criança vê isso?
As cores e os odores dos tempos primevos?
Ela teme perdê-los: as cores e os odores.
E, quanto mais teme, mais as bolas coloridas sobem ao céu.
E a criança chora e, enquanto chora,
mais e mais a bola colorida vai embora.
Então ela percebe
que a bola não vai voltar.
Nota que seu choro
só faz aumentar a dor,
da perda,
das cores,
que ela mesma irá ter que pintar.
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