quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

CASA DOS ESPELHOS


Parques antigos, brinquedos modernos. Brinquedos vários. Ao fundo, a sala dos espelhos.

Reflexos diversos, variados formatos. Imagens que distorcem a realidade. Contorcem a imagem imaginada de si próprio.


É duro olhar olho no olho, olhar no seu próprio olho. O olhar penetra no aço pintado. Pintura que revela aquilo que se sente, mas não se vê. Só os outros veem ou pensam que veem, pois não enxergam.


As deformações das imagens são belas e grotescas. Assustam e iludem. São todas opções de como podemos nos mostrar ou nos entender. São todas pedacinhos de caleidoscópios. Pedaços que podem servir de letais estilhaços. Eles cortam e ferem, ou então colorem a visão que transpassa a lente do brinquedo antigo.


Há outros brinquedos menos perigosos no parque de diversões. Menos perigosos e menos interessantes. As imagens superpostas são infinitivas, feias ou bonita;o um grande leque. Opções de como se ver ou se ocultar. Se como se ser ou se autodisfarçar.

Os espelhos estão lá para nos amendrontar ou então nos libertar.


quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

AOS QUERIDOS LEITORES DESTE BLOG

Há pouco tempo, criei uma página no facebook chamada
Ananita Rebouças - Pontuais.

Como foi comentado na entrevista ao jornal O FLUMINENSE
na matéria DO VIRTUAL PARA O REAL,
não posso ir contra as modificações constantes das mídias virtuais e deixar de aliá-las aos meus escritos.

A página difere do blog e somente visitando-a para saber a diferença. 
Ela não o substitui e considero um rabicho do blog. 
Um espaço para escritos "pontuais".

Agora, além do blog e da antologia O PERFUME DA PALAVRA, o leitor tem mais um espaço.
Críticas e elogios são sempre bem-vindos. Não se acanhem em comentar no blog ou na página.

Grande beijo!

domingo, 13 de janeiro de 2013

VIDROS FECHADOS



Domingo de sol. Mesmo atrás das nuvens, todos os dias são de sol. Não precisamos ver as coisas para sentir o efeito delas sobre nós.

Sair de carro para gozar da Cidade Maravilhosa – ou com ela. Com os vidros fechados, claro; afinal, a cidade é realmente maravilhosa como ir a um Museu para ver suas belezas.

A praia ou o mato são alguns de seus belos quadros interativos. Num ou noutro, a paz parece estar presente, desde que não portemos nossos rastreadores. Eles nos perseguem e nos perturbam em momentos de total intimidade ou coisa parecida. Mas parece que gostamos disso. É aquela velha história de reclamar da procura insistente, para não reclamar de sua ausência.

O rastreador se manifesta. É uma amiga querendo conselhos amorosos. Fico me perguntando por  que sempre achamos que o outro vai ter a fórmula mágica para nossas dúvidas e inseguranças. Não, definitivamente não sou a pessoa que dará os melhores conselhos.

Damos aqueles conselhos que gostaríamos de ter posto em prática, mas nos faltou coragem ou bom senso. E bom senso é algo que não combina com amor.

O telefonema conseguiu desnortear meu namoro com a Cidade Maravilhosa. Melhor voltar. Os irmãos diante de Deus dos sinais me lembram de fechar os vidros. O telefonema me faz preferir sentir a perigosa brisa da cidade. A sensatez não combina com o amor.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

CLÍNICA DE MASSAGENS


Disseram que Rogerinho  montou uma clínica. Massagens estéticas, relaxantes, tailandesas e, a mais procurada de todas: massagem para o ego. A mulherada correu para lá, fazia fila e a agenda sempre lotada. 
Estética era muito procurada. Todas tentando frear a ação do tempo na competição desesperada entre amigas fura-olho e inimigas declaradas.

Relaxantes eram a especialidade do estabelecimento. O dia a dia, os stress das decepções amorosas amontoavam os nós nas costas pesadas de pobres mulheres ditas mal-amadas; mas, na verdade, nada... nem um pouquinho de nada só, amadas. Elas iam para lá receber a tal massagem que tinha um certo brinde especial ao final. Algo que as relaxava por completo – corpo e alma – e lhes dava uma migalha de momento de ilusão de amor.

As tailandesas... hunf! Essas na verdade eram oferecidas em oficinas para que as clientes pudessem abrir suas próprias clínicas.

Mas a preferida do proprietário era a massagem para o ego que ele dificilmente aplicava a alguma cliente. Esta era reservada para si mesmo. Geralmente atendia mais de uma cliente, ou até mais do que isso; mas sempre individualmente. Escolhia literalmente a dedo quem iria receber alguns instantes desta massagem tão especial. Escolhia amigas infiéis, o que é uma grande mentira se formos olhar o significado original destas palavras. Escolhia-as como clientes, mas mal sabiam que elas sim é que lhe aplicavam a massagem sem perceber. Cada uma julgava ser cliente exclusiva e se vangloriava de ser mais esperta do que a outra ou mesmo especial. Pobres coitadas... ficavam duplamente cada vez mais pobres pois o que recebiam era muito menos do que pagavam. As migalhas de amor eram rapidamente comidas pelos pássaros que viam ao receber o pseudo-tratamento e o preço desta massagem não lhes mantinha a amizade, muito menos zerava a solidão que sentiam. Apenas momentos breves, de uma massagem que aliviava como droga e deixava uma ressaca moral pra além daquilo que poderiam suportar ou obter como benefícios de uma boa e bem feita massagem.

A clínica só crescia e Rogerinho faturava e se especializava cada vez mais. Mas o segredo é a alma do negócio e, atendendo mulheres, um dia a clínica de massagens especializadas de Rogerinho perdeu suas clientes mais fiéis (ou não) para nova concorrência

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

ÁGUA COM AÇÚCAR



Água com açúcar
Ou açúcar na água?

O açúcar se dissolve
E desaparece como por encanto.

Não, o açúcar é o próprio encanto.
Ele se dilui
E aparentemente some.
Seu sabor permanece
Contaminando a água
Que apesar de sua densidade
Possui uma falsa hegemonia.

O açúcar,
O sal,
Brancos os dois.
Apenas pó solúvel,
Fragmentos pequeninos,
Tormentos e desatinos.

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

2013

Primeiro dia do ano novo. Até que dia ele se manterá novo?

Muitos desejos, muitas esperanças; sonho de que a vida se transforme num lindo sonho cor de rosa. Lindo, perfeito e... CHATO! afinal, algum filme sem drama ou sofrimento tem graça? algum filme água com açúcar, sem um vilãozinho para colocar pedra nos sapatos dos mocinhos, faz você não se levantar da cadeira e ir ver as vitrines do shopping?


2013... este ano promete! e os outros? o que prometeram e não cumpriram?
Passa pouco das sete da manhã. Muitos dormem, outros trabalham, outros não estão mais aqui, outros chegam e a vida continua. Tudo é novo e velho ao mesmo tempo.

2010 foi o ano em que este blog começou, embora as configurações me confundam apontando outra data. Depois eu tenho que ouvir da moça do caixa da padaria que "a máquina nunca erra nos cálculos"! quem fez aquela máquina à qual ela se submete sem alternativas como caneta e papel quando o sistema cai?

2012 foi o ano em que textos daqui apareceram nas páginas de uma antologia com um nome bem sugestivo e o perfume realmente exalou novas descobertas, como numa nova adolescência.

2013 promete? sim! esperamos, desejamos sempre que sim, mas somente as coisas boas como num filme água com açúcar com diretor piegas.

Prometo sim, ao ano que ainda está novo, garra e determinação diante dos vilões do filme e parcimônia nas doses de açúcar que estarão à disposição para que a bebida adoce e refresque, sem enjoar!

Viva! espero conseguir cumprir com minha palavra...