Ganhei plantas que não cuidei.
Deixava-as à beira da janela à mercê do sol e da chuva.
Plantas robustas.
Presentes enjeitados que resistiam à falta de cuidado.
Um belo dia olhei pra elas não como uma fardo a carregar,
mas como seres a me acompanhar.
Passei a regar e a admirar.
Como belas eram suas folhagens e até flores conseguiam ofertar.
Essas plantas me ensinaram bastante.
Um belo dia vi avencas numa floricultura.
Lembrei minha infância.
Minha mãe sempre comprava avencas e reclamava delas.
Dizia: avenca é uma planta muito ingrata. Ela não vinga.
Tão suave é a sua folhagem,
tão delicada é a sua aparência.
Olhando aquelas plantinhas, quis cuidar delas
apesar do desafio lançado no passado por minha mãe.
Olhei pra uma,
olhei pra outra
e decidi que uma precisava da companhia da outra e levei dois pés.
Um pé só faz falta.
Cuidei das belezinhas até que morreram.
A faxineira mandou jogar fora,
Não!
Continuei a regar os gravetos secos.
Brotos brotaram.
Filhotes do renascimento.
A gata faminta e invejosa veio e os comeu.
Novos gravetos a serem regados.
Novos brotos começam novamente a surgir.
A avenca não é tão frágil como aparenta.
São dois pés dando a sustentação.
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