sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

ANO NOVO


Mas afinal, o que realmente há de novo no ano novo?
Mais um giro de translação?
Menos um ano por aqui na Terra?
O que há de novo?

Por que então fazer tudo de novo?
Tudo sim, pois tudo continua.
Não recomeça.
Na verdade, é tudo novo no velho.
É a continuação do que já há,
com a esperança de acertar.
Com a verdadeira sensação de que não se chegou ao fim.

Enfim,
O ano novo
só renova
a vontade de permanecer aqui.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

DANÇA


“Tem horas que cansa”;
mesmo que contrarie as regras da língua nacional.

Mas há horas em que cansa mesmo.
Deixar de empunhar a lança,
quando o coração aparentemente balança,
mas a mão não lá alcança
e, aos poucos, vai se perdendo a esperança
de uma nova dança
que mais uma vez se repete.

Repete-se na redundância,
de uma mera e cansativa,
assonância.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Esperando o NATAL


Esperando o Natal
Esperando o novo ano
Esperando melhoras...

Fazendo então o quê?
Sentando e esperando?
Fazendo? Prometendo?
Agindo???
Ou apenas refletindo?

Todo ano os ritos são os mesmos:
Natal, reveillon, carnaval; feriados mil.
Cada um promovendo em nós pontuais sentimentos.
E nas outras datas festivas?
Outros sentimentos, outras esperanças nos vêm.

Falar como faço aqui é muito cômodo também.
Continuo a esperar o Natal, o ano novo e as outras datas;
mas pretendo não esperar
Nem tentar.
E sim e fazer as coisas boas que todas elas nos tentam incutir.
BOM NATAL PARA TODOS NÓS!

domingo, 5 de dezembro de 2010

E TENHO DITO


O dito e o não dito.
Estão lá
Por cima e por de baixo
Do que foi e não foi escrito.

De longe,
Acho que vejo apenas o que fito.
De perto,
Percebo que ocorre quase sempre o mesmo rito.

Do dito por dito,
Do escrito por lido,
Do entorno
Que quase entorna,
Em cima do que não foi escrito.

Embora,
a todos,
o não dito
silencia, quase sempre,
o mesmo Grito.

domingo, 28 de novembro de 2010

RELENDO O ENGANO


Engano,
Ledo engano.
Lendo e relendo o ledo engano.


Relendo e repassando,
revisando...
absorvendo,
refletindo,
remetendo.

As dores
aqui repartindo.
Dividindo.
E mais uma vez re-partindo.
Para em seguida tentar encontrar a dedo
onde está o meio,
relendo o mesmo engano.

Ou seriam vários?
Diversos,
transversos,
transpassados,
mas sempre pelo mesmo plano?

Do mesmo erro sutil.
Da constante e incerta tentativa de acerto.
Que sempre leva,
Ao mesmo meio, fim e começo
de um nada novo conhecido
escorregar pelo mesmo plano.

BINÓCULO


Nem por um binóculo!
Dizia minha avó.

É tudo tão distante
que não há binóculo
o qual consiga ser possante
para ver, para avistar
o que está além da linha do belo e grandioso mar.

Binóculo?
Coisa antiga...
Coisa de vó.

Vó sabida.
Que, mesmo sem binóculo,
conseguia ver
as minúsculas minúcias
da ao mesmo tempo doce
e amarga vida.

FILHOS DE DEUS


Não é problema meu
O que ocorre ao filho teu.

Não é problema meu?

O que ocorre ao filho teu
Esbarra no meu e no teu.

Esbarra um no outro,
O que esbarra no filho teu.

Esbarra e se propaga, o que ocorre,
ao filho teu e meu.
Esbarra e se propaga também
aos filhos
que não são nem seus, nem meus.

Mas todos somos filhos.
Filhos de uns,
Filhos de dois,
Filhos de muitos.
Filhos de Deus?
Dizemos que sim.

Mas de quem escolhemos
Filhos realmente ser?
Quando escolhemos
Cuidar ou não dos filhos
que supostamente achamos
serem menos filhos,
do que nós,
do nosso verdadeiro Deus?

sábado, 27 de novembro de 2010

RIO, quem diria?


Quem diria
Que um dia
A suposição
Deixaria de ser teoria?

Relembrando nossa infância,
Quando os adultos diziam
Como era doce e calmo o tempo deles;
Hoje nos perguntamos
Se serão amargos e turbulentos
Os tempos que não serão mais nossos?

Mera teoria?
São Paulo, Rio de Janeiro e onde mais?
O suposto açúcar dos antigos tempos
vai se misturando a outros ingredientes de igual matiz.
Ingredientes esses que, assim como
o sal ou a cal,
podem visualmente se confundir;
mas em muito diferem no resultado
final da mistura.

O bolo então desanda. Os ingredientes estão totalmente errados.
Até ingredientes importados estão sendo são cogitados...

O que ocorre no Rio de Janeiro hoje
assemelha-se também a uma infiltração.
Começo aparentemente banal.
Mas, com o passar do tempo, quando se nota,
a parede já caiu e não há onde se escorar.

Agora, não é mais teoria:
o cidadão classe-média está realmente encarcerado na suposta segurança de suas casas.
E os outros cidadãos não-classe-média? Onde estão refugiados?
E os encarados como não-cidadãos?
Ainda são teoria?
Ou são integrantes do fruto de uma longa apatia?

terça-feira, 9 de novembro de 2010

SE ILUMINA



Ana mulher,
Ana menina.
Lá vai ela na sua sina;
Que às vezes a alucina,
Outras, a vida a fascina.
Não importa como...
Quando ou onde.
Por aí, lá vai ela
Ana.
Ela pensa e,
com a ajuda de Deus,
se autoilumina.

(inspirado em outro poema ainda a ser publicado)

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

O TOQUE

O toque toca.
Ao sair da toca,
aperte a geripoca,
bem ali atrás da porta.

O toque toca
na mão, no olho
ou mesmo no pé.

o toque toca na palma da mão
quando se vai em direção
aonde quer que seja.

o toque toca
no fone, no ouvido
no caminho
por que se vai
andando por aí sozinho

acompanhado do toque
do palm, do touch,
do simples toque
de um reles ou plebe
de um simples...
aparelho celular.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

FAVELA(S)


Mas por que a visão das favelas incomoda tanto?
Incomoda? A visão de qual favela?
Da planta coincidentemente espinhosa que encobria o atual Morro da Providência no Rio de Janeiro (originalmente chamado Morro da Favela) para onde foram os exilados da Guerra de Canudos? Ou da “nova vegetação” formada pelas moradias e seus moradores que vieram substituir o verde dos morros da cidade? E é só na cidade que se encontra essa “nova planta”?
Em tempos de consciência ecológica, podemos lembrar que, no reino vegetal, as relações podem ser nocivas ou não entre os seres. Assim como as antigas favelas plantas, as novas favelas de concreto se alastram e vêm descendo os morros, nos fazendo ver o que realmente há – nos mostram uma nova vegetação urbana. Mostram o quanto todos somos desiguais dentro de uma biológica igualdade de necessidades vitais. Nos faz ver que para que uma parte não integre a paisagem das novas favelas, contraditoriamente compõem-se uma paisagem geral. Nela se tem um pedaço da paisagem urbana se autorreconhecendo, justamente por achar que não compõem aquela vegetação das atuais favelas. E o que não se percebe é que uma só existe e é o que é justamente por existir a outra.
Como numa relação ecológica, ambas as vegetações integram uma maior onde relações como parasitismo, predacionismo e comensalismo, além de outras, são facilmente verificadas. A favela desce o morro e passa a compor também a paisagem da área plana. O entrelaçamento é inevitável e é essa a (pré)visão que assusta e incomoda.
Os antigos derrotados da Guerra de Canudos viraram a base da paisagem atual. E, sem a base, não existe o ápice. Mas, assim como o ápice se corrompe, a base também. E favela acaba virando sinônimo não mais da planta, mas de agrupamento de criminosos (?). E o que não é favela? Vira o quê? Os moradores não são criminosos, são trabalhadores. Os criminosos estão em qualquer parte da paisagem (no alto ou no baixo).
Daí favela passa a se chamar comunidade. É o significado das palavras que se transforma a fim de tentar atender a uma demanda de significados. Mas... e o conceito de comunidade? Muda tanto quanto o significado da planta mudou? E a cidade? Não é toda ela uma grande comunidade? O que é toda a paisagem então?
Ora, a visão da favela incomoda... Por quê? Ela mostra que a Comunidade é toda ela uma coisa só e que se está dentro dela. Com as “novas plantas” se entrelaçando e coexistindo, mostra-se uma tendência em que não se sabe ao certo que tipo de “relação ecologicamente correta” vai prevalecer.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Flores e ramos


As flores brotam,
E com elas vêm seus ramos.
Eles se espalham, se embaralham;
Outras vezes se atrapalham.
Ou então se divergem.

Pode ser que se reencontrem,
Mas só bem lá na frente;
Onde haverá novas sementes
De novas flores,
Novos amores, odores, sabores.

Elas mais uma vez brotam,
E aquelas primeiras flores já não existem mais.
Apenas deixaram o legado, o ramo, a linha.
Da nova criatura que se aninha,
Na ponta do ramo que veio lá de trás.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

O QUE É ESCREVER?

Escrever é digitar?
Ou digitar é escrever?

Escrever é rabiscar?

E falar?
Pode ser apenas balbuciar?

Consultando o “pai dos burros”,
(algum burro saber escrever ou falar?)
vejo que escreve é “exprimir-se por sinais gráficos”
e digitar é “introduzir dados num computador por meio de um teclado”.

Ora, qual a dúvida então?
Que dados são esses?
São os mesmos que pomos no papel com a caneta?
Ou seriam também os riscos das pinturas rupestres?

Que dúvida resta então?

Dos riscos aos rabiscos de hoje,
no meio do caminho,
temos os antigos datilografar e taquigrafar.
O que foram então?
O “pai” mais uma vez diz que o primeiro é “escrever servindo-se de uma máquina”
E que o outro é “escrever taquigraficamente”

Ora, ora, ora!
Afinal, tudo é escrever ou tudo é se comunicar?
Indifere que instrumento usar?

Ou... escrever voltará a ser rabiscar,
com o dedo, na tela, o dedo encostar?

sábado, 10 de julho de 2010

GRAVURA

Gravura, rasura, textura, lisura.
Afinal de contas, quem realmente tem compostura?

A rasura esboça e faz a troça.
Mas realmente sua textura,
por mais que possa,
precisa de lisura.
Senão, jamais será Gravura!

A Gravura que é bela,
que respeita e desrespeita
as regras da Aquarela;
qual mesmo será a sua textura?

Mas afinal (de novo):
que regras são essas?
Regras ou simples misturas?

Serão Gravuras ou rasuras,
uma vez que logo ali,
mais adiante
vão gerar
novas texturas,
mesmo que sem Lisuras.

sábado, 3 de julho de 2010

UMA BOA MAQUIAGEM

Uma boa maquiagem faz milagres.
Muita gata borralheira vira cinderela com uma boa maquiagem.
As cores das sombras, bases, corretivos e outros apetrechos se misturam e se combinam proporcionando efeitos que a genética dificilmente conseguiria gerar. Muito pelo contrário, com o tempo só mesmo uma cirurgia plástica para consertar o que já foi.
As cores... definitivamente nesse último mês quatro conhecidas cores imperaram. E não só nos rostos, mas nas unhas e, principalmente, numa maquiagem mais ampla - na maquiagem das ruas, das lojas, das fachadas, do interior dos órgãos públicos, nos hospitais e em todo o resto que compõem a vida dos brasileiros.
Essas quatro famosas cores decoraram e maquiaram magistralmente todo um povo, uma nação. Tudo ficou "muito lindo", como se diz no senso comum. E o capricho foi tamanho que nem mesmo apelar para o moderno photoshop foi preciso. Estava tudo na cara, ao vivo e em cores. A maquiagem nacionalista atingiu seu objetivo - a Gata Borralheira virou Cinderela. Mas... a meia-noite chegou e ela perdeu seu sapatinho em meio ao laranjal holandês. Nada mais restou que lavar o rosto e ficar de cara limpa. Tudo que parecia lindo voltou a mostrar sua verdadeira face.
Mas isso foi em junho. Em outubro outras cores poderão ser usadas numa nova maquiagem. Podemos usar uma bastante conhecida que usa o branco em grande escala, com o vermelho como detalhe bem no centro ou escolhermos outras cores, caso ainda haja outras disponíveis no mercado.
Ou será que para melhorar a aparência e consertar de verdade os defeitos, só mesmo uma cirurgia plástica reparadora, uma vez que maquiagem sai com água e sabão?

quinta-feira, 1 de julho de 2010

TEMPOS MODERNOS ???

Pois é, o que facilita, muitas vezes prejudica.
As novidades, o progresso; algumas vezes trazem um verdadeiro regresso.

Onde está o papel? A caneta? O lápis de ponta?
Eles, que cedem lugar à tela, ao mouse e outros mais?
Mais rápidos? Mais ágeis? Práticos?
Sim, pode ser.
Ou, como diria Shakespeare: podem “ser ou não ser”?

E agora? Sem energia? Sem sistema? O que e como fazer?
Como sair do piloto automático e simplesmente pensar de forma autônoma?
Falo disso, pois me chama a atenção quando se liga para algum serviço de atendimento telefônico a fim de fazer alguma reclamação ou pedido.

"Não é possível registrar sua solicitação, senhor. O sistema está inoperante" - é o que se ouve muitas vezes.
Ora, e a caneta e o papel? Onde estão sua serventia a fim de ajudar na economia de tempo numa vida onde tudo sem que ser pra esse instante?
Onde está a agilidade do tal sistema atual, o qual nos faz aguardar horas num verdadeiro jogo de escolha de números e opções em lugar de ir direto ao ponto com um atendente de carne e osso?
Onde está a agilidade, na qual não há um formulário de papel que poderia muito bem ser transcrito uma vez retornado o tal eficientíssimo sistema? Onde?
O tempo que se perde então estava na forma vagarosa, porém constante de funcionamento dos serviços no passado ou na extrema formatação e enquadramento dos serviços atuais?

quarta-feira, 30 de junho de 2010

APARTAMENTO

Pela paredes do apartamento,
Vai se desenrolando o isolamento.
O piso, o chão, o teto;
tudo enrola, tudo isola
e põe na caixola
muita, mais muita mariola.

Mas as paredes falam,
e as portas se calam.
Mas as janelas embalam
Os sonhos,
tristes, feios, medonhos.

Que Graças
se diluem na vista,
da pista,
que vai e escorrega
e pega ao longo do rombo
Que já se perdeu de vista,
Mas que ainda insiste na Conquista.

domingo, 27 de junho de 2010

O BOLO

Para fazer qualquer bolo, são necessários os ingredientes. Onde se encontram? Talvez no mercado. Será que estão à venda lá? Vejamos a lista de ingredientes:
Vejamos:
Para a massa:
farinha,
fermento,
açúcar,
uma pitada de sal
Para o recheio:
ética,
palavra,
caráter,
respeito,
consideração
Será que eu encontro tudo isso no mercado? Será que estão à venda ou fazem parte da sobra do desperdício? Qual será o preço disso tudo? Será muito caro ou barato?
Ética: essa mercadoria é muito antiga e importada, além de extremamente cara. Vem da Grécia e quando chega aqui, seu prazo de validade já venceu faz tempo. É muito custosa, melhor substituir.
Palavra: acho que é menos cara que ética. Mas eu disse menos cara e não mais barata. É até um pouca parecida a mercadoria inclusive, mas um pouco menor a embalagem. Seria uma boa substituição? Talvez possa ser comprada, mas seu manuseio dá muito trabalho na hora de bater o bolo. Melhor mesmo é deixar de lado e depois fingir que se usou, porque no final todo mundo finge mesmo que usou e nem lembrou.
Caráter? Esse item então a gente esquece. Está em falta há muito tempo. Nem no mercado paralelo sem se encontra.
Respeito? Talvez possa ser encontrado, mas em mercados muito especializados. Contudo, nunca a embalagem vem lacrada. Sempre tem um pedacinho aberto por onde alguém roubou uma parte.
Consideração? Bem, esse costuma ficar na mesma prateleira do respeito, mas geralmente fica por baixo de todos os pacotes das outras mercadorias e acaba sempre esmagado e muito difícil de manter a qualidade necessária para consumo.
É, acho melhor escolher outros ingredientes, mas vai ser outro bolo. Contudo a economia a a facilidade na compra dos ingredientes vai ser bem maior.
É muito simples: em qualquer mercado se encontram os itens e geralmente em promoção: dez ao preço de um se encontram os vacilos, os furos, a falta de sinceridade com o outro e, o mais importante de todos, a grande necessidade de se dar em bem em detrimento de qualquer um. Com esses, se faz um bolo não muito saboroso, mas que todo mundo engole todo dia em qualquer lugar. O nome desse bolo é HIPOCRISIA e se for muito trabalhoso fazê-lo, não é difícil encontrar em qualquer quiosque sendo distribuído gratuitamente igual às demonstrações promocionais de mercado.