domingo, 28 de novembro de 2010

RELENDO O ENGANO


Engano,
Ledo engano.
Lendo e relendo o ledo engano.


Relendo e repassando,
revisando...
absorvendo,
refletindo,
remetendo.

As dores
aqui repartindo.
Dividindo.
E mais uma vez re-partindo.
Para em seguida tentar encontrar a dedo
onde está o meio,
relendo o mesmo engano.

Ou seriam vários?
Diversos,
transversos,
transpassados,
mas sempre pelo mesmo plano?

Do mesmo erro sutil.
Da constante e incerta tentativa de acerto.
Que sempre leva,
Ao mesmo meio, fim e começo
de um nada novo conhecido
escorregar pelo mesmo plano.

BINÓCULO


Nem por um binóculo!
Dizia minha avó.

É tudo tão distante
que não há binóculo
o qual consiga ser possante
para ver, para avistar
o que está além da linha do belo e grandioso mar.

Binóculo?
Coisa antiga...
Coisa de vó.

Vó sabida.
Que, mesmo sem binóculo,
conseguia ver
as minúsculas minúcias
da ao mesmo tempo doce
e amarga vida.

FILHOS DE DEUS


Não é problema meu
O que ocorre ao filho teu.

Não é problema meu?

O que ocorre ao filho teu
Esbarra no meu e no teu.

Esbarra um no outro,
O que esbarra no filho teu.

Esbarra e se propaga, o que ocorre,
ao filho teu e meu.
Esbarra e se propaga também
aos filhos
que não são nem seus, nem meus.

Mas todos somos filhos.
Filhos de uns,
Filhos de dois,
Filhos de muitos.
Filhos de Deus?
Dizemos que sim.

Mas de quem escolhemos
Filhos realmente ser?
Quando escolhemos
Cuidar ou não dos filhos
que supostamente achamos
serem menos filhos,
do que nós,
do nosso verdadeiro Deus?

sábado, 27 de novembro de 2010

RIO, quem diria?


Quem diria
Que um dia
A suposição
Deixaria de ser teoria?

Relembrando nossa infância,
Quando os adultos diziam
Como era doce e calmo o tempo deles;
Hoje nos perguntamos
Se serão amargos e turbulentos
Os tempos que não serão mais nossos?

Mera teoria?
São Paulo, Rio de Janeiro e onde mais?
O suposto açúcar dos antigos tempos
vai se misturando a outros ingredientes de igual matiz.
Ingredientes esses que, assim como
o sal ou a cal,
podem visualmente se confundir;
mas em muito diferem no resultado
final da mistura.

O bolo então desanda. Os ingredientes estão totalmente errados.
Até ingredientes importados estão sendo são cogitados...

O que ocorre no Rio de Janeiro hoje
assemelha-se também a uma infiltração.
Começo aparentemente banal.
Mas, com o passar do tempo, quando se nota,
a parede já caiu e não há onde se escorar.

Agora, não é mais teoria:
o cidadão classe-média está realmente encarcerado na suposta segurança de suas casas.
E os outros cidadãos não-classe-média? Onde estão refugiados?
E os encarados como não-cidadãos?
Ainda são teoria?
Ou são integrantes do fruto de uma longa apatia?

terça-feira, 9 de novembro de 2010

SE ILUMINA



Ana mulher,
Ana menina.
Lá vai ela na sua sina;
Que às vezes a alucina,
Outras, a vida a fascina.
Não importa como...
Quando ou onde.
Por aí, lá vai ela
Ana.
Ela pensa e,
com a ajuda de Deus,
se autoilumina.

(inspirado em outro poema ainda a ser publicado)