Amigo não é colega, conhecido, vizinho simpático.
Amigo pode ou não ser parceiro,
mas vai depender do quê.
Amigo não é o mesmo que amante, ficante, namorante, maridante.
Amigo é amigo e só.
O resto pode ou não chegar a ser também amigo,
mas vai ser uma espontânea consequência,
pois a origem da amizade;
entre os colegas, os ficantes, os amantes, namorantes e maridantes;
está longe de ser motivada por um sentimento despretensioso e simplesmente fraterno.
Amigo com maiúscula é amigo antes de tudo isso.
Mas a língua é viva e se transforma.
Ela não para no tempo e às vezes se deturpa.
No caso, a palavra amigo hoje assume um caráter plural,
polissêmico.
Seu significado original vai aos poucos se diluindo
e se perdendo.
Muitas vezes apenas rotula e camufla diversos outros tipos de relações.
Relações que não se firmam, não se fixam, não se definem.
E, na falta de um termo melhor,
(ou de coragem mesmo dos falantes)
banaliza-se a palavra amigo,
que deveria ser destinada apenas àqueles que realmente se importam comigo, contigo e consigo.