A garça branca e a pomba da paz. Quem disse que a pomba, por
ser branca, é de paz? Isso é preconceito. Ela vive e sobrevive como todos os outros animais. A garça,
por exemplo, vive intocável no meio dos lamaçais. Vive lá e não se suja não
porque é limpinha, mas porque a natureza lhe brindou com um revestimento em
suas penas que lhe impedem de ficar imunda. Mas a garça vive lá. É de onde tira
o seu sustento. Mas, e se a garça ficar doente e esse óleo protetor se dissolver? Que artifícios para sobreviver ela irá buscar?
A luta pela sobrevivência tira a paz de qualquer bicho; seja garça, seja pomba, sejam os supostos racionais.
Atacam seus inimigos para sobreviver, conservando sua natureza que não tem nada a ver com penas, independente da conotação desta palavra. E, nessa cadeia alimentar, vence quem é o mais forte ou o mais esperto,
não necessariamente o mais violento. A violência é a arma dos fracos de
espírito, Gandhi foi um bom exemplo disso. Nem pomba, nem garça; muito menos Gandhi.
Somos todos humanos que muitas vezes nos esquecemos da nossa condição. Nos achamos
melhores que os bichos, nos valemos deles: bicho gente e bicho bicho. Afinal,
quem é mais irracional? A garça, a pomba ou o resto da humanidade que se distingue por raça, credos, condição social e tantas outras segmentações que só servem para desagregar muito mais do que somar. Talvez um dia possamos ser como Gandhi. Esse sim foi um bom exemplo.