sábado, 12 de outubro de 2013

TENSÃO SUPERFICIAL



Aquela fina e tênue camada que se forma acima da água onde os insetos pousam e não se afogam. Apenas insetos podem pousar ali, os fiapos ou coisa assim bem levinha. Se for um pouco mais pesado, adeus camada divisora entre a água e o ar.
Assim ocorre nos relacionamentos. Sejam eles amorosos ou de qualquer outra espécie. Neles também há essa tensão. Aquele limite em que você não pode mais avançar senão estoura tudo e vai literialmente tudo por água abaixo.
É a sensibilidade entre o ligar ou não ligar. Entre o acordar cedo ou tarde. Entre o se meter na vida do outro e dar palpites não solicitados. Entre o dar um fora ou recusar delicadamente um pedido alheio. Entre o ceder ou não aos apelos que nos chegam em que temos a chance de escolher manter nossas próprias opiniões ou mudá-las.
Tensão... “tenso” na gíria atual. Algo que gera angústia e insegurança. Coisas de seres humanos, não de insetos. Estes últimos apenas pousam para descansar sem se importar se a película vai ou não romper pois eles sabem instintivamente que isso não irá ocorrer.
Já conosco, seres racionais, isso pode ser uma desvantagem em relação àqueles seres tão minúsculos, pois não podemos pousar simplesmente sem nos importar com os efeitos do “arrebentamento”. Nossa intuição não é tão apurada quanto a deles e é isso que nos gera tensão. A insegurança entre manter essa nossa tensão superficial como uma zona de conforto ou arriscar rompê-la visando beber  um pouco da água e matar a sede ou correr o risco de se afogar naquilo que antes estava tão perto e tão distante ao mesmo tempo.

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