Aquela fina e tênue camada que se forma acima da água onde
os insetos pousam e não se afogam. Apenas insetos podem pousar ali, os fiapos
ou coisa assim bem levinha. Se for um pouco mais pesado, adeus camada divisora
entre a água e o ar.
Assim ocorre nos relacionamentos. Sejam eles amorosos ou de
qualquer outra espécie. Neles também há essa tensão. Aquele limite em que você
não pode mais avançar senão estoura tudo e vai literialmente tudo por água abaixo.
É a sensibilidade entre o ligar ou não ligar. Entre o
acordar cedo ou tarde. Entre o se meter na vida do outro e dar palpites não
solicitados. Entre o dar um fora ou recusar delicadamente um pedido alheio.
Entre o ceder ou não aos apelos que nos chegam em que temos a chance de
escolher manter nossas próprias opiniões ou mudá-las.
Tensão... “tenso” na gíria atual. Algo que gera angústia e
insegurança. Coisas de seres humanos, não de insetos. Estes últimos apenas
pousam para descansar sem se importar se a película vai ou não romper pois eles
sabem instintivamente que isso não irá ocorrer.
Já conosco, seres racionais, isso pode ser uma desvantagem
em relação àqueles seres tão minúsculos, pois não podemos pousar simplesmente
sem nos importar com os efeitos do “arrebentamento”. Nossa intuição não é tão
apurada quanto a deles e é isso que nos gera tensão. A insegurança entre manter
essa nossa tensão superficial como uma zona de conforto ou arriscar rompê-la
visando beber um pouco da água e matar a
sede ou correr o risco de se afogar naquilo que antes estava tão perto e tão
distante ao mesmo tempo.
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